Uma coisa que passa despercebida na chamada Sociologia Clássica é que Karl Marx, importante e incontornável pensador no campo das teorias socialistas, constitui também um autor cuja preocupação com a condição do trabalhador frente às novas tecnologias possui enorme relevo. Ocorre que o teórico da luta de classes e do materialismo histórico e dialético, ao discorrer a respeito das condições do trabalho, sobretudo no capitalismo, presenta-nos dois conceitos fundamentais e reveladores, a saber, o conceito de alienação e o de mais-valia.
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Ao tratar da famosa, porém controversa ideia de alienação, Marx se refere na verdade à condição do trabalhador no modo de produção capitalista, que é de alheamento, por assim dizer, à sua força de trabalho, ao processo produtivo como um todo e a própria mercadoria da qual é partícipe em sua confecção.
Nesse sentido, surge a primeira ponderação do filósofo sobre a questão tecnológica: o trabalhador contemporâneo é um mero especialista diante de toda a engrenagem do processo produtivo, uma vez que tem um saber técnico e setorial. Até porque as novas tecnologias exigem de todos nós um saber técnico (rigoroso e específico) e, via de regra, não há como sermos especialistas em todas as novidades técnicas que surgem.
Por fim, a discussão tecnológica em Marx surge também ao tratar de seu conceito mais famoso no domínio das ciências humanas, que vem a ser o de mais-valia. Por este, podemos compreender como o lucro obtido pelo empregador em cima do tempo de serviço de seu empregado (mais-valia absoluta) ou dos bens produzidos pelo mesmo (mais-valia relativa).
Para que haja a chamada mais-valia relativa, faz-se necessário investimento em tecnologia, isto é, presença maciça do maquinário à disposição do trabalho operário. E aqui, vale ressaltar, Karl Marx está compreendendo muito bem a máxima mais importante do capitalismo: ‘’tempo é dinheiro’’. E mais do que isso, Marx está atestando que a tecnologia a serviço do capitalismo gera maiores lucros e uma sensação de alívio ao trabalhador, que com o auxílio da máquina, a propósito, produzirá mais em menor tempo, o que sem dúvidas racionaliza e otimiza a produção no modo capitalista.
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